Maria Bethânia tem relançado em LP o álbum de 1980 que surtiu efeito menor do que os blockbusters ‘Álibi’ e ‘Mel’

  • 14/09/2024
(Foto: Reprodução)
Analisado em perspectiva, o disco ‘Talismã’ tem repertório selecionado com pouco rigor e repete fórmula comercial que já dava sinais de desgaste. Capa da reedição em LP do álbum ‘Talismã’, lançado por Maria Bethânia em 1980 Marisa Alvarez Lima com arte de Óscar Ramos e Luciano Figueiredo ♫ MEMÓRIA ♪ Álbum lançado por Maria Bethânia em 1980, Talismã ganha reedição em LP com vinil fabricado nas cores verde, laranja e marrom em sintonia com a arte da capa criada pelo designer Óscar Ramos (1938 – 2019) com foto de Marisa Alvarez Lima (1936 – 2022). Na época, a cantora vivia fase de grande popularidade na gravadora Philips e vinha de dois álbuns, Álibi (1978) e Mel (1979), que fizeram retumbante sucesso com vendas batendo o milhão (caso de Álibi) ou roçando esse milhão (caso de Mel) de cópias nas lojas e nas mãos dos ouvintes. Ao contrário do que diz o texto enviado pela Universal Music para anunciar a reedição de Talismã em LP, o álbum de 1980 não repetiu o alcance popular e o êxito comercial dos antecessores blockbusters. Talismã está longe de ser um fracasso na trajetória fonográfica de Bethânia, mas jamais surtiu o efeito catártico de Álibi e Mel. Passado um ano do lançamento do disco, as vendas de Talismã ficaram em torno de 650 mil cópias, número expressivo, alcançado muito pelo êxito radiofônico do samba Alguém me avisou, composto por Dona Ivone Lara (1922 – 2018) e gravado por Bethânia com Caetano Veloso e Gilberto Gil. A rigor, a fórmula de Talismã era a mesma de Álibi e Mel, consistindo na seleção de sambas, sambas-canção, boleros e canções embaladas em formato orquestral (com muitos sopros) sob direção musical do maestro Perinho Albuquerque, também responsável pelos arranjos e regências. Tudo sob a direção geral da Abelha Rainha. A questão é que o repertório de Talismã resultou (bem) menos aliciante do que as seleções dos dois discos antecessores. Mergulho é canção menor dentro da obra de Gonzaguinha (1945 – 1991), então habitual fornecedor de hits para a artista. Da mesma forma, do ponto de vista melódico, as canções Vida real e Pele resultaram aquém do talento de Caetano Veloso. Tanto que ambas não frequentam os roteiros dos shows de Bethânia. Em compensação, Caetano brilhou com Gema, a melhor contribuição do compositor para o disco, já que a faixa-título Talismã, parceria de Caetano com o poeta Waly Salomão (1943 – 2003), tampouco passou para a posteridade porque a poesia de Waly se eleva (muito) sobre a melodia. Marina Lima – então próxima de Bethânia – abasteceu o repertório de Talismã com uma das grandes canções da parceria com o irmão Antonio Cicero, O lado quente do ser, música então inédita sobre o prazer de ser mulher, revivida por Marina no corrente show Rota 69 (2024). Na seara das gravações, a lembrança do samba-canção Cansei de ilusões (Tito Madi, 1956) soou sem a força do revival de Negue (Adelino Moreira e Enzo Almeida Passos, 1960) no álbum Álibi. Fora da moldura orquestral, a joia de Talismã é a canção Noite de um verão de sonho (Nelson Motta e Xixa Motta), cantada por Bethânia somente com o toque do piano de Túlio Mourão, em diálogo com Nenhum verão (1979), música composta por Mourão e gravada por Bethânia no álbum Mel. Música inédita de Gilberto Gil, o samba Amo tanto viver passou batido, reiterando que houve pouco rigor da cantora na seleção do repertório, completado com abordagens do samba-canção Mentira de amor (Lourival Faissal e Gustavo Carvalho, 1950) e do tango Eu tenho um pecado novo (Mariano Mores e Alberto Laureano Martínez em versão em português de Lourival Faissal, 1958) em ritmo de bolero. Essas duas pérolas foram pescadas por Bethânia na discografia de Dalva de Oliveira (1917 – 1972), cantora da era do rádio que tanto a influenciara, mas pouco reluziram no canto da intérprete. Enfim, Talismã é álbum menos imponente na discografia de Maria Bethânia, que já parecia enquadrada em moldura mercadológica. A fórmula de sucesso começava a dar sinais de desgaste, embora ainda rendesse mais um disco, Alteza (1981), dois anos antes de a cantora fazer imersão no tom introspectivo de Ciclo (1983), esse, sim, um dos grandes e revigorantes títulos da discografia da artista.

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2024/09/14/maria-bethania-tem-relancado-em-lp-o-album-de-1980-que-surtiu-efeito-menor-do-que-os-blockbusters-alibi-e-mel.ghtml


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