Qual a importância da música 3 nos discos - e como é pensada a sequência de faixas dos álbuns?

  • 13/11/2025
A mística sobre a faixa 3 dos álbuns As músicas nos celulares do infográfico abaixo são de diversos gêneros. Mas todos trazem uma mesma ideia: comparar um sentimento ou algum momento importante com o impacto da faixa três nos álbuns de música. A escolha pela citação na composição não é apenas por rima. A faixa três ocupa um lugar especial dos discos. O espaço é considerado "o horário nobre". E as músicas costumam ser a grande aposta de um álbum ou serem a cara do projeto. Não é raro que elas tenham se tornado o grande hit do álbum. Veja alguns exemplos: "Wonderwall", no album "(What's the Story) Morning Glory?", do Oasis; "Come as You Are", no album "Nevermind", do Nirvana; "Resposta", no álbum "Siderado", do Skank; "Veludo Marrom", no álbum "Caju", de Liniker; "Cachimbo da Paz", no álbum "Quebra-cabeça", de Gabriel o Pensador; "Rios, Pontes & Overdrives", no álbum "Da lama ao caos", de Chico Science e Nação Zumbi; "Como Nossos Pais", no álbum "Alucinação", de Belchior; "Capítulo 4, versículo 3", no álbum "Sobrevivendo no Inferno", dos Racionais; "O Trem Azul", no álbum "Clube da esquina", de Milton Nascimento e Lô Borges; "Tinindo Trincando", no álbum "Acabou chorare", dos Novos Baianos; "Femme fatale", no álbum "The Velvet Underground & Nico", do The Velvet Underground... "Eu acho que sempre rolou uma mística em relação à terceira faixa do disco. Pelo menos, desde que eu comecei a escutar CD, têm várias 'faixas 3' emblemáticas em discos que marcaram minha vida", afirma Pedro Pimenta, compositor de "Vou te escrever um rap" e vocalista do Atitude 67’. Por essa razão, Pedro escolheu citar na canção que faria um rap para a amada e encaixaria na terceira faixa. "Foi um jeito que eu achei ali na composição de ser uma declaração mesmo de amor." "Quando eu comecei a trabalhar com música, nos estúdios, nos lugares sempre falavam que o hit, o sucesso do disco, era na terceira faixa. E isso ficou assim marcado, não só para mim, mas para vários músicos. Por isso que a faixa três é uma faixa meio simbólica, meio emblemática." A banda Atitude 67 canta sobre a faixa 3 na música "Vou te escrever um rap" Divulgação/BPMcom O produtor Dudu Borges, um dos compositores da música "Faixa 3", gravada pela dupla Bruninho e Davi com Gusttavo Lima, escolheu a terceira posição do álbum também para falar de amor. "A música fala da experiência de um álbum em que, justamente, a faixa 3 fazia a pessoa lembrar de um amor e sofrer", explica. "[A escolha de usar na composição] foi muito por essa questão de a faixa 3 dos álbuns sempre ter algo especial." A composição, claro, ocupa a terceira posição do álbum "Bruninho e Davi ao Vivo no Ibirapuera". Para Dudu, além de as faixas de número 3 serem, normalmente, a grande aposta do disco, ela também ocupa um lugar quase definitivo para segurar o ouvinte. "Se a pessoa não gostou das 3 primeiras faixas, é difícil que da quarta para frente as coisas mudem." Sequência do álbum Dudu Borges Reprodução/Instagram Quando Dudu diz isso, não à toa. A forma de encaixar cada faixa em um álbum faz parte de uma pensata importante sobre a sequência do disco. Assim como shows, os álbuns também contam histórias, com início, meio e fim. "Meu foco é contar uma história durante o álbum e causar sensações que deixem a experiência boa e viciante para ser ouvida ou consumida o máximo possível", diz Dudu. Claro que tudo depende do produtor, do artista e do projeto. Não há uma fórmula exata para isso, mas existem algumas linhas de pensamento comuns na hora da produção: No início, é comum aparecerem as maiores apostas do álbum. Faixas impactantes e que segurem o ouvinte. A velha tática que diz que "a primeira impressão é a que fica"; Se algum single tiver sido lançado antes do álbum completo, é comum que ele apareça também nesta primeira parte, pra criar conexão com os fãs; Já o meio do álbum costuma contar com faixas mais longas ou experimentais; E o terço final, traz faixas mais emocionantes e que fazem com que o ouvinte tenha vontade de voltar novamente para a faixa um. Até por isso, muitas vezes, existe uma conexão entre a última e a primeira. Para o beatmaker e produtor Papatinho, a primeira faixa pode ser uma introdução ou um interlúdio. "Já a dois e a três têm uma responsa muito grande nos álbuns que eu produzo. Elas mostram mais o que que é o álbum para a pessoa se situar", explica. "A partir da metade, normalmente, eu começo a experimentar. E no final, eu tento fazer um fechamento emocionante. Em vários álbuns que eu produzi, a última faixa ou a penúltima são a maior vibe de reflexão." A sequência das faixas de um álbum é importante para contar uma história ao ouvinte Adobe Stock/IA "É claro que a gente procura fazer um álbum inteiro de hits, mas é muito difícil. A gente sabe que tem músicas que servem para compor álbum, se não o artista não lançava álbum, só lançava single. O álbum serve para você poder contar uma história, criar um conceito." Álbum clássico é álbum curto Alguns produtores acreditam que álbum clássico é álbum curto, com poucas faixas e sem "fillers", como são chamadas aquelas músicas que entram na seleção apenas para completar o álbum, mas que não acrescenta muita coisa na sonoridade ou conceito. A famosa "gordurinha". Papatinho concorda em partes com essa definição. "Álbum bom e curto acaba sendo mais impactante e não dá margem a erro." Mas ele cita algumas produções que fizeram história e marcaram gerações, mesmo contento dezenas de faixas: "“Preço curto... prazo longo", do Charlie Brown Jr., com 25 faixas; e "All Eyez on Me", do Tupac, com 27 músicas e mais de duas horas de duração. "Mas aí tem que ter bom senso na hora de selecionar para facilitar que o álbum seja um clássico. Tudo depende de muita coisa." Equilíbrio entre as faixas Papatinho durante o terceiro dia de Lollapalooza 2023 Celso Tavares/g1 Outro fator que interfere na posição das faixas é o equilíbrio entre elas. "Eu gosto de dar uma equilibrada não só nos temas, mas também na vibe, na energia", diz Papatinho, que tenta não deixar um projeto inteiro com apenas uma levada musical. "A não ser que seja um projeto específico. 'Fulano de tal canta músicas calmas'. Aí faz sentido. Mas em um projeto comum, eu tento sempre fazer um equilíbrio para a entrega ser completa e ter um pouquinho de cada." Pedro Pimenta vai na mesma linha de produção. "A gente tenta sempre balancear o disco para que não fiquem todas as românticas juntas, os balanços depois, ou os feats todos juntos. A gente tenta mesclar tudo isso para que o disco fique gostoso de ouvir", explica o vocalista do Atitude 67. "São detalhes que às vezes funcionam, às vezes não. Às vezes a gente faz todo esse malabarismo para mexer na ordem, e a que estoura é uma que tá lá no final. Tudo pode acontecer." Era do streaming A preocupação com a sequência da ordem das faixas segue mesmo com a era do streaming, período que, segundo Papatinho, está sendo cada vez mais difícil prender a atenção do ouvinte pelo excesso de opções e lançamentos. "É muito difícil tu ver hoje em dia alguém que pare para escutar um álbum. Então a gente tem que se adaptar. A gente tenta diminuir um pouco o tamanho das músicas, a duração, porque a gente sabe que cada vez as músicas estão ficando mais curtas." "A rapaziada mais nova não tem paciência. Eles já cresceram num ambiente, num meio com muita informação, muitas opções. Tem tudo ali. É uma parada que perde até um pouco a graça. E aí a galera fica com tanta informação, tanto lançamento, que passa a achar que um álbum que saiu três meses atrás já tá velho." Essa mudança na forma de consumir música também alterou o planejamento de lançamentos. Os álbuns chegam em partes no mercado, divididos em EPs e vários singles. "Por causa dessa mudança no formato, eu acho que, pelo menos agora, o lance de optar pela faixa três como a música de trabalho ficou um pouco em desuso", analisa Pedro Pimenta. Veja os vídeos que estão em alta no g1

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2025/11/13/qual-a-importancia-da-musica-3-nos-discos-e-como-e-pensada-a-sequencia-de-faixas-dos-albuns.ghtml


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